quinta-feira, 8 de março de 2012

As muitas faces de uma Odara - Dia Internacional da Mulher


Ser Odara.
Ser mulher.
Não basta ter - só quem ama é!

Seja black, seja reggae, afoxé ou candomblé.
Na umbanda, quimbanda, no Ilê ou no Xirê.
É pé de valsa, pé descalço, pé de chinelo.
É maculelê, sambalelê, coco, ciranda, não importa a dança.
É voz que brada, corpo que embala, coração que pulsa, alegria que expulsa a dor.
É energia latente de um povo que sente até hoje o pesar do açoite e o corte da foice.

Do útero de Odara  nasce Mundo.
É mão que afaga e punho que dá murro.
É espírito que briga.
Nó na garganta.
Odara não abaixa mais a cabeça.
Não carrega mais o teu ebó.
Não é mais boi-da-cara-preta.
Não dança mais esse samba-de-criôlo-doido.
Não é macaca do teu auditório.
Não canta mais teu discurso no oratório.
Dançando ou lutando, do chão levanta a poeira.
Odara é Rainha e sua cocada, como sua pele, é preta!

Na senzala, Cinderela bandida, com as ancas caídas de tanto carregar lata d'água - só mais uma Maria...
Na passarela, Odara é a mais bela, guerreira da luta de todos os dias.
Não desperdiça sorrisos e suas lágrimas não lamentam seu cansaço.
Odara tem força!
Mulher que tem braço!
E sabe que a caminhada se faz no passo-a-passo.

Odara, Negra Divina, moça bonita, ela e seus laços de fita...
Sua beleza antecede o tempo.
A fé que precede o espaço.
Destino de Odara é traço de régua e compasso dos antepassados.
Casa de Odara é Mundo!
A resistência é a sua cicatriz.
Seu suor brota dos poros do próprio Criador.
E é com a voz de Olorum que Odara grita:
Você  não é mais o meu sinhô!

*

Dedico à todas as Odaras que conheço.
Mulheres incríveis que me fazem ter orgulho de mulher, e mulher Preta!
Mulheres que geram amor em seus corações de guerreiras.

Meu mais profundo respeito à mulher que me abrigou em seu útero, Dona Maria da Penha!


Enfeite-se. Deleite-se. Sinta-se Odarah!

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