quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Faces de Odarah

A mulher que se transforma em muitas sem perder o que há de mais seu: sua alma!
Seja black, seja reggae, afoxé ou candomblé.
Umbanda, quimbanda, no Ilê ou no Xirê.
É pé de valsa, é pé descalço, é pé de chinelo, da cabeça aos pés.
É maculelê, sambalelê, coco, ciranda, não importa a dança.
É voz que grita, corpo que saltita, coração que pulsa, alegria que expulsa a dor.
Energia latente de um povo que até hoje sente o pesar do açoite e o corte da foice.
Mas o espírito briga.
A mão agita o punho sem dó
Não abaixo mais a cabeça!
Não carrego mais seu ebó.
Não sou mais seu boi-da-cara-preta.
Não danço mais o samba-do-criôlo-doido.
Não sou macaco do seu auditório.
Não canto mais o seu discurso no oratório.
Sou Rainha e minha cocada, como minha pele, é preta!
Na senzala, Cinderela bandida, com as ancas caídas de tanto carregar lata d'água na cabeça - só mais uma Maria...
Na passarela, Odarah, a mais bela, guerreira da luta de todos os dias.
Não desperdiço sorrisos e minhas lágrimas não lamentam meu cansaço.
Tenho força, tenho braço!
A caminhada se faz no passo-a-passo.
Sou Negra Divina, moça bonita, eu e meus laços de fitas.
Nos búzios, meu destino.
No Axé, a minha sina.




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